segunda-feira, 21 de maio de 2012

por mais constante que me seja
a dor parece que almeja
lugar dentro do mundo
pra existir

irracional tal qual
eu você e outros tantos
no meio do mesmo pranto
mundo

a dor que te permeia
é a vida que anseia
fugir da dor é negar viver

sem dor não há pulo
não se derruba um muro sem arder as mãos
isso também é doer

dói por que se sente
e melhor que a dor imediata
é a dormência quando ela passa
é a realização da inquietAÇÃO


terça-feira, 8 de maio de 2012

O amor do dia-a-dia cria uma casinha,
todo dia rola uma rotação de energias, sentimentos e partilhas.
Se parte o todo em mil partes, se faz e se desfaz,
desencaixe para encaixar, empilha-se umas coisas sim outras não
pro amor se alentar.
Onde repouso, é nos teus braços,
se paro, é na tua boca.
Se me descuido, são meus traços.
Não me canso dos nossos laços.
A rotina tem suas armadilhas,
se a gente cai nela, la no fundo
vira transa.
Mas somos ousados,
e na leitura dos dias nos aventuramos.
Onde há casas, que façamos mata.
Onde há vento forte, que achemos um canto seguro.
Onde há cordas, que a usemos de uma boa maneira.
E que a forma não limite o amor numa convenção.
Quebrar a convenção
e reinventar o amor
no dia-a-dia
isso sim é que é uma paixão.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A NOITE

a noite vigia

escombro
reboco
sono

a noite embriagada

pessoas
abraços
sonhos

a noite adormecida

braços
desleixos
cansaço

a noite inteira
vira
dia

terça-feira, 6 de março de 2012

Vitrola

Minha vitrola desengonçada, ora toca, ora diz nada
eu fico na espera da canção tão desejada
Basta ela dar sinal de vida
meu coração palpita e meus dedos correm nos vinis
feito beijos desesperados
feito transa enlouquecida.
Escolho o disco e o ponho na agulha
abro uma gelada
deito no sofá
e fico chapada só de te escutar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Diabo é isso?

Diabo é isso que acontece em nossas vidas, que não controlamos, que sai enfurecidamente pelo traço transmutal de nossos planos? Diabo é isso que penso hoje e amanhã não mais? Diabo é isso que tento acertar em cheio a bola da minha vez e pego na beirada de outra bola que nunca pensei um dia ser minha? Diabo é isso que acordo dando beijinhos e fazendo juras de amor ao meu companheiro e depois do almoço nos desentendemos de maneira irreversível? Diabo é isso que uso como meta e me mete numa emboscada? Diabo é isso que desentendo tanto as irregularidades dos acontecimentos que parei de querer planejar? Diabo é isso, do plano sai torto, do torto sai algo legal, de legal passa pra ilegal, de ilegal a ausencia explode? Diabo é isso que acontece comigo, ou melhor, que eu quero que aconteça e do nada desacontece? Nam, deixei disso.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A lembrança se esvai feito fumaça no ar

Ontem, voltando de dois dias e meio do maciço de Baturité, às margens do Parque das Cachoeiras de Guaramiranga, me deparei com a paisagem de todos os dias: o caminho para o trabalho. Foi um choque. Antes de chegar nesse trecho passamos pela descida sinuosa de Pacoti que desmancha em Palmácia e se encontra com a estrada verde-amarelo-vermelho de Maranguape. Maranguape me deixa vontade de morar, de andar de bicicleta, de ter prazer em olhar para cima e enxergar sua serra com nuvens anunciando um possivel respingo d'água. Não sei se é vontade de parar ou se vontade de ficar. Maranguape me parece leve, suspensa no tempo, um canto na estrada. Depois dela, a cidade se aproxima. O caminho de todos os dias me apavora.