sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Desejo de mar não passa

Nessa virada de ano eu só quero uma coisa: beijar o mar com meus pés.
Na verdade, eu queria isso pra vida inteira, e vez por outra subir uma serra,
ver umas montanhas lá do alto, ficar chapada nas chapadas bahianas,
curti um frio duma laguna caliente, virar bicho de bicicleta no sertão pernambucano,
pegar umas ondas grandes lá nos carioca, comer macarrão cozido com sal no Uyuni,
tomar um cházim de peyote desmanchada nas beiras do titicaca,
e fazer xixi acocada na mata escutando a queda d'água das cachoeiras de guará.
Mas, como o processo é lento e o barato é louco,
vou desejar, por enquanto, só pra virada de ano.

Boa virada pra tudim.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pensamento

O pensamento senti. O pensamento senti imagem. O pensamento pensa palavras imagens. O pensamento apanha pras palavras. O pensamento reflete imaginação. O que é o pensamento?

"A imagem tem a opacidade do infinito, às idéias, a clareza de quantidade finita(algo) e analisável.Ambas são expressivas." Sartre

Infinito

A procura do eu, doeu.
Dilacerou paixões. No começo, foram-se todas.
Até as que acreditaram um dia serem a essência do verdadeiro
ser, sendo, querendo, efetivar-se.(?)
A busca da essência do ser é a grande questão.
Existiria, por acaso, a pureza dessa essência?
O que sou vale equivaler a algo?
Eu existo, penso, finjo, me escamoteio, me ultrapasso(?)(!)
Seria a(s) verdade(s) a resposta das perguntas, o ponto em comum?
Mas assim, mesmo assim, deixaríamos a paz entrar na gente pela verdade?
A verdade de todos, mesmo todos tão diferentes, unificaria?
A união, como tudo ser um, unificaria?
Unificaria?Unificar?Unir, ficar, ía?
Depois da razão, lá no fundo do poço,
existe um infinito, onde a razão explode e se mistura
a luz de todas colorações.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Poesia, em algum canto ela não existe?




 A poesia padece quando em nenhum lugar,
pois, não existe vida sem poesia.
Ela não somente é escrita,
não somente falada ou ouvida.
Ela é cor, é mulher, é homem,
é silhueta, olhar, passarinho,
árvore que balança, vento que passa,
banquinho de praça,
sala de janta,
gente, bagunça, mudança,
dois, cheiro, lisergia,
transa, coletivo, telepatia.
A poesia nasce donde é feio donde é bonito,
ela quem transforma silêncio em grito,
é ela que é a voz do povo oprimido,
é a que dar cor ao descolorido.
A poesia também é suspiro,
das moça de saia que vê os homi bonito.
É alerta, é fogo, é amor.
A poesia é para além de tudo
a paixão pela vida que quer ser vivida,
ela sai do entroncamento mais profundo
e busca a luz do sentimento de mundo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mais um de amor

No fundo dos teus olhos eu vi:
calma,
beleza,
força.
No fundo dos teus olhos eu entendi:
amor,
paixão,
equalização.
No fundo dos teus olhos eu senti:
eu
e
você
até o último entardecer.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Bolívia 28/12/09

O presente despercebeu-se do passado alí perdido.
Tomou conta de si (de si?)
e foi em boa hora,
a fora, para dentro.
Passado que nunca foi
passado algo para o presente,
que o futuro indicou,
e voltou,
e foi,
e se calou.
O instante que se prende,
que não passa:
presente.
Futuro, não sei,
imagino opaco no infinito
a idéia clara
do presente vivido.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Meu lar

Num tô afim de papo furado.
Aquele negócio de vamo que vamo e não vai nada.
Num tô afim de gente falando mal de cicrano e de beltrano.
Num quero ver nenhum desses babacas sentados na minha mesa dum bar,
falando besteiras sem parar.
Num quero esbarrar em ninguém que faça meu corpo reagir negativamente.
Num quero vivenciar o lado teen da cidade.
Eu sei, tô chata pra caralho.
Mas é que de verdade, queria me relacionar com pessoas numa boa,
Dar um abraço numa boa,
falar de coisas e idéias e até de pessoas numa boa,
tomar uma gelada no bar numa boa,
beijar alguém numa boa,
sem precisar parecer.
O mundo anda tão espantosamente de aparência,
que já nem sei 
quando é espontâneo.
Confundo as pessoas e 
suas intenções.
Misturo gente de verdade
com gente de mentirinha.
Acabo sempre saindo de fininho
pra minha casa,
onde encontro
um Homem de verdade,
um amigo inesgotável (meu cachorro) ,
e plantas livres do estresse habitual.
Encontro o meu lar,
meu habitat.
O lugar onde sinto segurança,
leveza,
e compreenssão.
Um solo de Terra firme e fértil.
O lugar de onde vejo a lua la no alto
e ao mesmo tempo as feições
do amor mais sagrado!

Amizade II








terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O importante é o que importa

O que importa
é o azul do céu,
se for claro, que tenha nuvens,
se for escurecido,
que tenha estrelas.
O que importa
é o mar,
na infinitude de suas águas,
eu  perco o olhar.
O que importa
é um banho de rio,
depois de passar
na lama do mangue,
nadar como um tupinambá.
O que importa
é o fim de tarde
colorido-embassado
na ponte da Barra.
O que importa
é pescar um peixe
e armar uma rede.
O que importa
são abraços calorosos
e beijos melados.
O que importa
é deitar no ventre da terra
e ver o dia passar
como que feito por ela.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Amizade






No ventre da amizade,
nasce amor
nasce interirmandade.
No vento de um momento
vejo risos,
vejo a busca pelo entendimento,
sinto o acaso da brisa gelada.
Por natureza, entendo
a espontaneidade das coisas.
Mas foi na prática descasualisada
que me encontrei de alma com vocês.
Eu amo vocês,
como amo acordar na relva
e com a intensidade
dos raios de um sol de 50 graus
queimando a pele,
num dia que ao entardecer
será aluarado por lua cheia
e que à mão terei uma heineken,
bem gelada,
para rir
e abraçar vocês.

Silêncio

O velho mar se cala
a moça de saia não dança mais
onde está o claro dos teus olhos?
pra onde a noite estrelada rumou?

nos trilhos, nem trem, nem passos,
apenas ruídos de pássaros.
esses ainda cantam,
voam e me explicam algo do mundo,
visitam meus jarros,
meu girassol mexicano.
uma tulipa ainda está para nascer,
e ela vai ter o lugar mais belo na janela
que é pro beija flor se alimentar nela.

lá fora vai tudo bem, nada mal.
as pessoas continuam rumando para algum lugar,
os carros fazem barulho como antes, sem parar
os bares sempre cheios, cheios de casais amando,
casais brigando, amigos conversam fervorosos,
copos caem e quebram, vômito, alegria, lágrimas.
nos bares há de tudo.

mas aqui dentro sinto agonia,
sinto o silêncio,
a falta de uma palavra.
sinto algumas vezes que estou no lugar errado,
em outras, vejo que só poderia estar ali.
às vezes apenas sinto que deveria estarmos,
mas, por um ato de momento, desfaço o pensamento.

quase sempre me perco,
as vezes me acho.
mas mesmo assim, não é suficiente.
não é suficiente para minha alma fazer apenas o que quero
sinto falta dos sustos, das surpresas,
do ir embora, da volta sem data marcada.
sinto falta de cheiros diversos,
cheiro de mundo,
cheiro de amor,
cheiro de muito suor,
cheiro de graxa,
sinto falta das coisas de graça.

será que ainda vou ver o dia amanhecer que nem naquele dia?
será que um dia, aquele dia que a gente queria, chegará?
será que um dia, a vontade que me levou, um dia me trará?
será?

ah se o silêncio falasse!!!

Segunda-feira

Terça-feira:
trabalho,
sono,
cansaço,
vômito,
o sol incomoda os olhos,
a noite não chega,
a comida não tão gostosa,
à espera de um baseado.
o baseado chega,
fumo até a última ponta,
sozinha,
fico inerte.

lembro-me da segunda -feira:
dia bonito,
o sol na cara é bom,
pingos de chuva no fim de tarde,
já sinto efeito da lua crescente,
não me caibo em mim,
preciso conversar,
com os mais queridos amigos,
converso,
estou no bar.
a cerveja mais gelada
e a mais forte também, por favor!
e ela desce,
adentra meu ser,
causa uma boa discussão,
olho as horas,
ja passam das onze,
ah, deixa pra lá,
a mesa de bar tá boa demais
preu me render ao relógio.
E assim, acordo na terça feira,
do resto da noite não posso contar,
lembro-me pouco.
Mas sei,
a mesa de bar
e bons amigos
é a melhor coisa do mundo
em qualquer temporalidade.
E pra segunda feira,
todo meu carinho especial

Sobre escrever

Eu não sei escrever bonito.
E nos últimos 5 anos tenho desaprendido.
Quando entrei pro curso de jornalismo
achei que era isso que as pessoas faziam,
escrever.
E elas fazem,
mas não do jeito que eu imaginava.
Tinha toda uma coisa em cima daquilo.
Eu achei também
que as pessoas liam sobre tudo,
pra poderem escrever.
Mas não foi assim.
Aí me irritei,
deixei a sala,
encontrei um bar.
Todos os dias eu ia pro bar.
Depois, larguei o curso.
Decidi viajar,
foi de bike,
quinhentos e alguns km.
Na mesma época ,
eu entrava pro curso de filosofia.
Eu gostava, principalmente de política.
Daí veio um professor muito tosco,
e eu desisti de ter cadeiras de política.
E o negocio começou a desandar de novo.
Daí, viajei, voltei, cursei mais algum tempo.
Depois, viajei,
quando voltei a vaga não tava mais lá.
Droga!
Nessa altura do campeonato,
eu já não escrevia quase nada,
só uma agenda, que tenho até hoje,
mas são sempre escritas muito espaçadas.
Mas o que eu queria dizer mesmo?
Ah, sobre escrever.
Então, depois de passar algum tempo longe da academia
me sinto leve e forte.
Consigo ler e escrever livremente.
Tô recomeçando,
reutilizando minha livre vontade.
Eu espero que vocês entendam essas mal traçadas.
E digo mais,
é gostoso escrever,
deslizar nas palavras,
buscar a melhor maneira de comunicar.
Tô curtindo.
Viver, nós sabemos, é indiscritivelmente delicioso.
Ler e escrever,
como posso dizer?
Arrisco dizer que é também um auto-conhecimento,
um aumento das percepções,
é aquele sorvete que você toma,
depois de um dia inteiro pedalando.
E digo mais,
me mostras o que tu escreves
que eu te digo quem tu és.
pode crer?



 "Se o mundo é mesmo
Parecido com o que vejo
Prefiro acreditar
No mundo do meu jeito."

Legião Urbana